Visão sobre a Azul: Neutra A Azul está inserida em um dos setores que foi mais atingido pela pandemia de Covid-19: a aviação. Em decorrência do isolamento social e da adoção do home office, a demanda da Empresa caiu de forma expressiva. Assim, a Companhia apurou prejuízo líquido nos anos de 2020 e 2021. Olhando para os resultados do 4T22, a Azul atingiu uma receita operacional recorde, totalizando R$4,5 bilhões, aumento de 36,9% e 19,4% quando comparado ao mesmo período de 2019 e 2021, respectivamente. Tanto o RPK (passageiros pagantes transportados por quilômetros voados) quanto o PRASK (receita de passageiros dividida pelo total de assentos-quilômetro disponíveis) apresentaram ganhos de margem em relação ao 4T21. Do ponto de vista do custo operacional da Azul, percebe-se que o combustível de aviação corresponde por pouco mais da metade deles. No último trimestre do ano passado, os custos e despesas operacionais tiveram uma alta de 22,6%, principalmente devido ao aumento de mais de 40% nos preços do combustível. Para se proteger das oscilações do preço da commodity, a Companhia pratica hedge de combustível com derivativos, no intuito de ter maior previsibilidade dos custos. Além disso, a Azul também vem reduzindo o consumo de combustível por meio da adoção de uma frota mais eficiente de nova geração. Sobre o ponto de vista das disponibilidades e dos financiamentos, os reflexos da pandemia ainda estão presentes. Pensando nisso, apesar de não afetar seu resultado no 4T22, a Companhia anunciou no início de março de 2023 um plano de renegociação de 90% de suas dívidas de arrendamento de aviões com seus fornecedores, onde os arrendadores receberão títulos de dívida com amortização em 2030 e ações da Empresa. O resultado dessas negociações, além de diminuir o risco de crédito da Companhia, ao menos nos próximos anos, fez com que a necessidade de caixa inicialmente projetada para esse ano fosse eliminada e agora, o fluxo de caixa deverá ser positivo a partir de 2024. Por fim, vale ressaltar que a aviação comercial é um setor com intensa competitividade, caracterizada por disputas tarifárias. Por mais que as empresas do segmento desenvolvam programas de fidelidade, os passageiros com maior flexibilidade de horário geralmente optam pela companhia que oferece a menor tarifa. Isso, por sua vez, impacta de forma direta as margens das empresas aéreas em geral. Por mais que a Azul esteja se recuperando dos impactos da pandemia, a elevada competitividade do setor e a gestão da dívida são pontos de atenção. Além disso, por mais que a Empresa se proteja, a oscilação dos combustíveis afeta o custo operacional que, certas vezes, não é integralmente repassado ao consumidor final. Dessa forma, mantemos uma visão neutra para AZUL4 no longo prazo, e seguimos acompanhando os efeitos da renegociação realizada em 2023.